terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Ser Arquipélago

Eu sou uma ilha.
Sou só um.
Um só.
Cercado pelo oceano vasto e profundo;
Sozinho, perdido no mundo;
Triste,
mas feliz por isso;
Feliz!
e eternamente triste
compromisso.

















Não espero barcos de visita;
o horizonte é deveras distante e remoto
a perder de vista…
Muito menos espero por uma ponte,
pois é construção
de uma civilização
talvez ainda tão mais distante,
e tão mais remota;
perdida ou morta;
no infinito horizonte…

Pois que uma ilha,
eternamente distante,
está cercada pelo oceano,
está repleta de mato;
Nada conhece do civilizado,
eis que tudo lhe parece selvagem,
tudo parece adverso,
naquele lugar pacato e incerto…
envolto em um ainda mais pacato universo;
aonde nada ocorre de fato;
e tudo nasce do verso.

Mas sei que é tudo loucura, devaneio perverso;
fantasia da lua…
Eu vejo o reflexo das luzes;
Das outras ilhas que brilham;
Sinto inveja.
Sinto ciúmes.
Esses outros selvagens vagalumes
Dizem-se civilizados;
Dizem-se solitários;
Sempre deseperados
por chamar certa atenção
de um barco que se comova
com sua mais nova invenção:
A intenção de uma ilha -
Sua Obra Prima - solidão.

Sinto ódio, e sinto raiva.
Por saber que é tudo em vão!
O sonho original,
Do único,
Singular,
Verdadeira invenção
do coração de uma ilha;
imaginária; decepção
E sua pretensão de ser verdadeira e solitária.
Única!
no mar da imensidão.

Nem só; nem são.
É sim um arquipélago!
Acompanhado de ilhas solitárias;
Nem verdadeiramente feliz;
Nem eternamente triste.
Pois que nada mais existe,
De único e singular,
Nem mesmo a solidão
Que costumava lhe acompanhar!

Eu sou um arquipélago.
Me enxergo em toda situação.
Mesmo sem me mover
Já me vi aqui e ali, refletido...
Hoje deixo o mar me envolver
Refletir também o céu, grande amigo…
Me mostrar o que é bom,
Pra eu poder reconhecer
Que por baixo de todo véu,
Está o meu
O seu
O nosso
Solitário Ser…