segunda-feira, 30 de agosto de 2010

3ª Crônica - A Inaugural

Por: Yam CH. Reis


                    Acordo. Banho. Café. Trabalho. Almoço. Trabalho. Café. Faculdade. Durmo. De segunda a sexta os meus dias úteis tem uma simetria  perfeita. Se não fosse pelo final de semana (dias inúteis, Lei da Lógica), em que me mantenho inerte em estados de consciência alterado, seria difícil contar os anos (48 finais de semana). Resultado do diagnóstico: uma profunda cisão que racha um único ser humano em diversas personas. "Não entendi, como isso se dá Dr." Eu explico: você aliena sua mente durante um cotidiano robótico seguido de um final de semana de picos de atividade cerebral, principalmente nos domingos filosofais, que fundem sua caxoleta ao ponto de você perder-se em um labirinto de personagens egóicos dos quais você não lembra mais qual deles é. "Se fuder Dr. que porra é essa?" Não consiguerei explicar pra você pequeno aprendiz, você é arrogante, e apressado, precisa de um psicólogo.

                     Infelizmente, o Dr. é burro e não percebeu que o meu tempo não tem mais tempo pra psicólogos, e eu já o havia informado disso. No meio de muitos ambientes percebo o quanto estou sempre acompanhado de relações superficiais, de pessoas que te adoram ou odeiam por um período médio de 5 minutos. Quanto mais acompanhado, mais solitário. E nessa relação inversamente proporcional o meu tempo é cronometrado minuto por minuto, mesmo assim, não encontro o tempo do psicólogo.

                       Bom, eu confesso que não leio muito; e confesso, de toda balela do Dr. uma coisa é verdade: sou arrogante. Escrever com certeza é mais fácil que ler, principalmente nos dias de hoje que digitamos até 5 t/s (teclas por segundo). Se eu conseguir fazer com que as pessoas leiam o que eu tenho pra escrever eu praticamente pulo um grau na escada evolutiva da vaidade intelecto-cultural. Ou seja - sou lido, não leio. Tive a idéia então de escrever tudo o que eu ia falar para minha psicóloga (prefiro mulheres) e fiz isso umas duas vezes. A primeira quando fui comparado à um escritor - eu gostava daquela persona: tinha cabelos compridos e um cavanhaque riscado, hehe- escrevi então sobre meu encantamento justamente com a pessoa que me comparara, e pus pra fora minhas frustrações em relação ao angelical sexo oposto. A segunda, não fora um final de semana, mas sim um feriado de estado alterado de consciência, porém nada inerte como os de costume. Foi produtivo! Voltei então com algo a dizer; escrevi uma mensagem que espero ter se dissipado permeando mentes inquietas e curiosas como a minha.

                        Sou arrogante. Disso eu nunca duvidei. 6 em cada 10 pessoas me dizem isso. As outras não dizem nada. Eu tento deduzir sempre. Nunca chego a saber ao certo o que as outras malditas 4 pessoas pensam. Mesmo assim, temos uma maioria. Enfim, hoje escrevo pela 3ª vez o post inaugural do meu Blog - juntamente com outros dois amigos geniais os quais se apresentarão a seguir- o qual o nome já diz tudo. Nós vivemos entre a loucura e a lucidez, em uma zona limítrofe tão estreita, pior que corda bamba, que não sabemos ao certo aonde realmente vivemos. Ou como realmente vivemos? Por quê? Pra quê? Pra quem? Quando realmente vivemos?





                     

6 comentários:

  1. Vivemos em mundo no qual "tudo que é sólido desmancha no ar" como disse Marx, quase dois séculos atrás...
    Muito bem escrito o texto, quero ler os próximos... Talvez tu fosse gostar de um livro chamado "Amor Líquido" - Zigmund Bauman!
    Beijos

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  2. Perdoem 2 erros de português!

    linha 30 - ..menteS* inquietas como a minha..

    linha 36 - ..amigos geniais os quais se apresentarÃO*..

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  3. Um dia te apresento Hilda Hilst... e tantos outros seres multifacetados, não tão jovens, a maioria já morta. Mas que ardem em idéias, queimam em sentimentos os mais contraditórios, não estás sozinho.
    Escritor é quem escreve...
    Até nosso próximo encontro metafísico no Olimpo.

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  4. passando a fase da identificaçao de um eu grupal, nos ambientes em que somos arremessados pelo destino, temos a oportunidade de avaliar e reparar nossas mascaras sociais.
    Máscaras sociais que não podemos viver sem, a nao ser que quisessemos 'assustar' a todos com a 'assustadora' disformidade de nosso ser incompleto e imperfeito.
    Parábens pela iniciativa de desvendar e enfeitar nossas loucuras com esses textos quase poéticos hehe.
    abraços de um velho amigo

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  5. Yam, li um texto um dia desses de um autor chamado Erving Goffman, do livro "Representações do eu na Vida Cotidiana". Acho que o título já diz bastante! Fala das "máscaras" e dos atores/seres humanos. Lembrei de ti, vale a pena ler! Beijos

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  6. heteronimos iguais aos de fernando pessoa pode se dizer..varios eu(s) com diversas personalidades,todas juntas não é tu, mas cada uma distinta é um pouco de ti..no escrever então abre mais portas para mais interpretações de um mesmo ser no qual não se sabe e nunca se vai saber(?) realmente qual é!

    mais um parabens irmão..seilá quantas vezes li esse, espero outros..
    abraços

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