sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Élio, o canalha...

Por Felipe Medeiros


            Élio é, sem dúvidas, o maior cafajeste vivo. As mulheres sabem disso, e contrariadas admiram sua arte. Aprendeu cedo, ainda guri, que toda mulher é puta, e sempre proclamava tal descoberta  , orgulhoso, ao longo dos alcoólicos encontros masculinos; “enfiei nela sem pudor, gozei dentro. Mulher é tudo p.. mesmo.”
           Jamais fui possuidor de tal desenvoltura. Já até tive breves momentos de muleque-piranha e cafajestagem. Mas não. Não como Élio, o canalha.  A diferença de Élio está no tratamento em que concede às suas vítimas. Ele as trata como animais. Enxergo em uma fêmea uma mulher. Élio enxerga um mamífero capaz de lubrificar-se.
            Certa ocasião, convidei Élio para confraternizar juntamente com minhas amigas em minha casa. Antes de as meninas chegarem, naturalmente discorríamos sobre as melhores opções de bebida.  Ele deixou sua visão bem clara  logo de início e, como se lídasse com uma manada de bois, ponderou a importância de alimentarmos e as tratarmos devidamente, antes do abate. Recomendou que levássemos - além da Vodka e Sprite – uma caixa com chocolates. Perguntei-lhe a razão,  mas afinal por que, Élio, levarmos chocolates? Élio me olhou com desdém, como quem responde a um iniciante despreparado e virgem. Explicou-me então o evidente: “com somente Vodka e Sprite , as fêmeas podem passar mal,  pois devem estar com o estômago vazio, já que nessa estação comem menos. Você quer que ela vomite no seu pau ou passe mal antes de você comer? Se ela apagar ou desmaiar não poderá gemer durante o sexo, além disso, o chocolate concederá a ela mais energia e disposição para procriar. “
            Fiquei surpreso com suas idéias, ele tinha talento. E no exato momento em que a campainha disparava e minhas amigas chegavam em minha casa, senti um frio no estômago. Sempre fico nervoso com mulheres, que ridículo. Antes de abrir a porta, procurei então por ele. Queria saber se  havia sentido um pingo que fosse de nervosismo, ou pelo menos uma leve ansiedade.  Quando o encontrei,  Élio estava servindo água em um pote, uma espécie de vaso antigo grande.
            Não precisei perguntar.

3 comentários:

  1. "Élio, o retrato de muitos homens..."
    Acho que as atitudes de Élio representam o que muitos homem realmente pensam, mas nao têm coragem de assumir, ou têm a noção de não comentar!

    Muito boa essa crônica, parabens ai

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  2. absurdamente real e divertidamente colocado.

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  3. De Élios o mundo tá cheio! Foram muito bem representados nessa crônica. Parabéns.

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