sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Uma História em Comum - parte I

               Vou lhes introduzir um conhecido meu (hehe- pros maliciosos). Apresento-lhes: o Serumano. Sua história é muito longa e cheia de peculiaridades e desventuras, no entanto, vou tentar resumi-la a vocês.
            O Serumano nasceu há milhares de anos de uma família que vivia na mais perfeita harmonia: seu Pai Universo, sua Mãe Natureza e seu Irmão Seres. Ele, por acasos do Pai Universo e de sua Mãe Natureza, alimentou-se melhor que seu Irmão Seres. Por conta disso tinha mais tempo para pensar e assim desenvolveu seu intelecto, sua inteligência e sua capacidade para formular conceitos os quais guardava dentro da sua memória de milhares de gigas. Seus conceitos serviam-lhe como paradigmas para seu método empírico de interação com os recursos de sua Mãe (Natureza), que por sua vez, como toda boa Mãe, além de cuidar muito bem da casa (Planeta Terra), somente dava amor incondicional aos filhos. Dessa forma o audacioso e desnaturado Serumano foi capaz de exercer controle absoluto sobre o poder herdado por seus pais. Desempenhou façanhas inacreditáveis ao longo de muitos anos. Ele mesmo, por ser o único criador de conceitos do Mundo (sua casa), denominava suas façanhas ao longo do tempo de “evolução e desenvolvimento”. Quanto a seu irmão: ele ocupava-se em viver em harmonia e desfrutar do aconchego e carícias da Mãe – e Serumano simplesmente o estudava também por seu próprio método. Constatou que ele não havia concebido sua capacidade singular de raciocínio e que por isso Seres não se incomodaria se fosse usado em prol do seu conceito de “evolução e desenvolvimento” que passara a valorar como aspecto preponderante de sua casa (Terra). E seu Pai? Ah, vocês não conhecem o velho Universo? Ele tem seu próprio método de ensino misterioso e indiferente, além disso, ele é muito ocupado com trabalhos maiores para preocupar-se tanto com as picuinhas do pequeno filhinho.
            Tudo corria muito bem na vida de Serumano, no entanto, como todo filho que quer superar seus pais, ele acreditava que já tinha desvendado todos os mistérios concernentes aos céus e à terra e que era capaz de gerir os recursos herdados de forma mais inteligente. Afinal, ele era o único dotado desta impressionante habilidade. Começou então a fazer reformas na casa toda. Acreditava que sua tecnologia traria a solução dos problemas de todos. Criou centros de civilização e cultura (que ele chamava de cidades), novos meios de transporte, novos meios de produção, transação, comunicação.
            Da pecuária à pecúnia, o ainda novo Serumano foi inegavelmente um gênio. No entanto ao longo de todo esse tempo de dedicação intelectual ele perdeu o contato com a sua família. Consumiu-se em sua própria mente e projetos e esqueceu tudo o que seus pais haviam lhe ensinado de maneira sutil. Sua cegueira mental não permitia que ele compreendesse a complexa teia harmônica, natural, sustentável e perfeita criada por Universo e Natureza. Sua ambição e arrogância fizeram-lhe acreditar que poderia construir um mundo conforme seu pensamento. O que ele não havia percebido é que seu pensamento não dava conta de pensar todas as repercussões de todos os seus atos em um futuro distante. Ele deu-se conta de que estava frente a um cálculo matemático incalculável - sua mente não era preparada para tanto.
            Serumano viu toda sua tecnologia ruir e pela primeira vez experimentou um castigo da mãe. Natureza foi desconstruindo toda imundice que ele deixara espalhada pelo Mundo como uma mãe que tem de juntar os brinquedos do filho incapaz. Serumano na verdade deslumbrou-se consigo mesmo e brincou com os recursos dos pais como um tolo narcísico até deparar-se com sua própria infantilidade bestial. Na sua mente – um mundo a parte – começava um grande espetáculo teatral que figurava, de um lado: um anjo ariano; do outro: u Dimônio, CRIANÇAS! É, isso mesmo, o Dimônio existe na dualidade maniqueísta subdesenvolvida do nosso inconsciente coletivo, gente.
 
CONTINUA...

4 comentários:

  1. MEU DEUS! DE MAIS, DE MAIS MESMO. FOI O MELHOR TEXTO TEU QUE EU JÁ LIII... hahaha beijão yam

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  2. e no final Serumano viu que tinha de voltar as suas antigas raízes e unir-se como um todo com sua família....NÓS SOMOS UM.

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  3. Muito bom esse texto! estou escrevendo um sobre a concepção do infinito, espero que voces leiam quando ele estiver pronto...

    deixo mais um adendo (é necessario conhecimentos na lingua inglesa): http://chronicle.com/article/What-Are-You-Going-to-Do-With/124651/

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